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As residências Primal Light fazem parte do projeto SPECTRAL. Dedicadas à produção artística dentro da E. C. A. — Expanded Cinematic Art —,  artistas são desafiados a interpretar o ambiente e o entrono como fonte de luz primordial, de tempo e de movimento.

No inverno de 2024, a Cooperativa Laia apoia a continuação da produção da obra Luz, Clarão, Fulgor — Augúrios para um Enquadramento Não Hierárquico e Venturoso, de Sílvia das Fadas. Trata-se de uma obra em metamorfose, em curso desde 2017 até ao presente. Nas palavras de Sílvia das Fadas: 

“Um filme (expandido) que se acende no rastilho do anarquista António Gonçalves Correia e das suas experiências comunais – primeiro, a Comuna da Luz em Vale de Santiago/Odemira(1917–18), e depois a Comuna Clarão, em Albarraque/Sintra (1926). Ao metamorfosear-se em diferentes iterações, antecipa o fulgor de uma desierarquização do olhar e uma pedagogia da terra e da convivialidade na bio-região alentejana. Procuramos por augúrios enquanto observamos teimosamente as ruínas de uma comuna. Por exemplo: “clima favorável aos errantes”. Caminhamos através dos tempos, registando erraticamente imagens e sons através da espacialidade caleidoscópica do Alentejo, uma região com nome de rio, para além de um rio. Como caminhar oferece encontros inesperados e copresenças, missivas são enviadas de e para as margens. Por exemplo: “cultivar órgãos para a alternativa”. Os nossos sentidos são parciais, precários e fragmentários, mas não a nossa orientação: trava-se uma luta quotidiana pelo fulgor e queremos fazer parte dela. Contra um firmamento de desapropriação de terras, corpos e laços sociais, estamos a preparar-nos. Por exemplo: “De nível!” O fulgor é móvel, a comunidade prefigurada é dispersa e diversa. Através de dissenso e associações de afinidade, autonomia e reencantamento, a oferenda do cinema traz em si a potência para florescermos livres de imposições hierárquicas.”  






Primal Light residencies are part of SPECTRAL project. Dedicated to artistic production within E.C.A. — Expanded Cinematic Art —, artists are challenged to interpret the environment as a source of primal light, time and motion.

In the winter of 2024, Laia co-op supports the ongoing production of “Luz, Clarão, Fulgor — Augúrios para um Enquadramento Não Hierárquico e Venturoso” (Light, Blaze, Fulgor — Auguries for a Non-Hierarchical Framing and Flourishing), by Sílvia das Fadas. This is a work in metamorphosis, ongoing since 2017 until today. In Sílvia das Fadas’ words:

“A (expanded) film that lights up the grid of the anarchist António Gonçalves Correia and his communal experiences - first, the Comuna da Luz in Vale de Santiago/Odemira (1917-18), and then the Comuna Clarão, in Albarraque/Sintra (1926). As it metamorphoses into different iterations, it anticipates the glow of a desirability of the gaze and a pedagogy of land and conviviality in the Alentejo bio-region. We search for auguries while stubbornly observing the ruins of a commune. For example: "climate favourable to wanderers." We walk through time, erratically recording images and sounds through the kaleidoscopic spatiality of the Alentejo, a region named after a river. As walking offers unexpected encounters and co-presences, missives are sent to and from the shores. For example: "growing organs for the alternative." Our senses are partial, precarious and fragmentary, but not our orientation: there is a daily struggle for the fulgurous, and we want to be part of it. Against a firmament of dispossession of land, bodies and social bonds, we are preparing ourselves. The fulgurous is mobile, the prefigured community is dispersed and diverse. Through dissent and associations of affinity, autonomy and re-enchantment, cinema itself has the power to flourish free of hierarchical impositions.”








Sílvia das Fadas é artista-cineasta, investigadora, e professora baseada no sul de Portugal. Detém um mestrado em cinema pela CalArts (EUA), foi artista residente na Akademie Schloss Solitude (em 2019), e investigadora visitante no Center for Place Culture and Politics, CUNY (EUA), em 2020.  É actualmente doutoranda no programa de Doutoramento em Prática na Academia de Belas Artes de Viena (Áustria), com o apoio de uma bolsa de doutoramento da FCT, e a directora artística do Cinema Fulgor, um cinema com raízes móveis pelo Baixo Alentejo. A sua filmografia recusa a digitalização do mundo e inclui Luz, Clarão, Fulgor — Augúrios Para Um Enquadramento NãoHierárquico e Venturoso (em curso desde 2017), A Casa, a Verdadeira e a Seguinte, Ainda Está porFazer (2015-2018), Square Dance, Los Angeles County, California, 2013 e Apanhar Laranjas/PickingOranges (2012). O seu trabalho tem sido apresentado em numerosos festivais, salas de cinema ou espaços expositivos como Courtisane-Notes on Cinema, Viennale, MoMA Doc Fortnight, Open City Documentary Festival, Media City Film Festival, Cinemateca Portuguesa, Doc’s Kingdom – Seminário Internacional sobre Cinema Documental, 2220 Arts+Archive, Light Field, A Gruta - Galeria QuadradoAzul, Wexner Center for the Arts, ou no The Film Studies Center da Universidade de Chicago. Interessa-se pelas políticas intrínsecas às práticas cinematográficas e pelo cinema enquanto experiência colectiva e expandida. 



Sílvia das Fadas is an artist-filmmaker, researcher, and professor based in southern Portugal. She holds a master's degree in film from CalArts (USA), was artist in residence at the Akademie Schloss Solitude (in 2019), and a visiting researcher at the Center for Place Culture and Politics, CUNY (USA) in 2020. She is currently a PhD fellow in the Practice Doctorate program at the Academy of Fine Arts in Vienna (Austria), with the support of a doctoral fellowship from FCT, and the artistic director of Cinema Fulgor, a cinema with mobile roots in the Lower Alentejo. Her films refuse the digitization of the world and include “Luz, Clarão, Fulgor — Augúrios Para Um Enquadramento Não Hierárquico e Venturoso” (ongoing since 2017), “A Casa, a Verdadeira e a Seguinte, Ainda Está por Fazer” (2015-2018), “Square Dance, Los Angeles County, California”, 2013 e “Apanhar Laranjas/PickingOranges” (2012). Her work has been presented in numerous festivals, screening rooms or exhibiting spaces such as Courtisane-Notes on Cinema, Viennale, MoMA Doc Fortnight, Open City Documentary Festival, Media City Film Festival, Cinemateca Portuguesa, Doc’s Kingdom – Seminário Internacional sobre Cinema Documental, 2220 Arts+Archive, Light Field, A Gruta - Galeria QuadradoAzul, Wexner Center for the Arts, ou no The Film Studies Center da Universidade de Chicago. She is interested in the politics intrinsic to cinematographic practices and in cinema as a collective and expanded experience.






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